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Pequena empresa de bens e serviços mostra-se mais resistente à crise

Constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base na Carta de Conjuntura do mês de junho

Fonte: Portal SebraeTags: crise

Regina Xeyla

Alguns sinais já apontam para o início de uma recuperação econômica a partir do segundo trimestre deste ano. A crença é que o pior da crise tenha ficado para trás. Os setores ligados ao consumo de bens e serviços têm se mostrado mais resistentes. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base na Carta de Conjuntura do mês de junho. A carta, que é elaborada pelo Grupo de Análise e Projeções (GAP), da Diretoria de Estudos Macroeconômicos (Dimac), traz trimestralmente projeções do Produto Interno Bruto (PIB), do nível de emprego, da indústria, do consumo, da inflação, do câmbio e dos juros.

Setores específicos da economia têm sido mais afetados pela crise. Enquanto a produção industrial, por exemplo, vem registrando queda, os setores ligados ao consumo de bens e serviços mostram-se mais resistente, inclusive com taxas de crescimento positivas. Os dois setores são responsáveis por quase a metade (65.778 postos) do total de empregos formais gerados no último mês de maio (131.557 postos), segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

As informações do Ipea e do Caged reforçam os dados apresentados na segunda edição do boletim ‘Ponto de Vista dos Pequenos Negócios’, elaborado pelo Sebrae e divulgado no início desta semana. O estudo demonstrou que as micro e pequenas empresas continuam apostando em 2009. Esse segmento empresarial corresponde por mais de dois terços das empresas dos setores de Comércio e Serviço do País. Outra informação comum entre os dois estudos é o aumento da participação dos bancos públicos nas concessões de crédito e a manutenção do patamar de participação dos bancos privados nacionais.

Durante a divulgação do boletim ‘Ponto de Vista dos Pequenos Negócios’, o diretor de Administração e Finanças do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, afirmou que a crise internacional não impediu que as micro e pequenas empresas continuassem empregando. “Esse comportamento é resultado da resistência e da flexibilidade com que os pequenos negócios se adaptam às situações de mercado. O fato de grande parte do segmento estar inserido no comércio e serviços foi determinante, já que são setores que tem se beneficiado com o aumento da renda do País e com o mercado interno bastante vigorado”, disse.

Números


A Carta de Conjuntura do Ipea demonstra que o setor industrial foi o mais afetado pela retração da atividade econômica, registrando queda de 9,3% da produção ante o primeiro trimestre de 2008. O destaque positivo ficou por conta do setor de serviços, que registrou crescimento de 1,7% na comparação entre os primeiros meses de 2009 e o mesmo período do ano passado. O setor, que corresponde por mais da metade do PIB, avançou 0,8% em relação ao último trimestre de 2008.

O crescimento da oferta e da demanda por parte, principalmente, do setor de serviços pode ser explicado por uma série de fatores. Em primeiro lugar, apesar da redução de postos de trabalho, a massa salarial continuou crescendo, o que tem garantido junto com uma inflação sob controle, a manutenção do poder aquisitivo dos consumidores. Parte dessa explicação está no aumento de 12,0% no salário mínimo, assim como na aplicação das políticas de distribuição de renda do governo.

A implementação de políticas anticíclicas por parte do governo é outro fator que tem contribuído para suavizar os efeitos da crise sobre os níveis de consumo. Medidas como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por exemplo, têm gerado estímulos para o bom desempenho do comércio varejista. Pelo lado da política monetária, o governo tem implementado uma série de medidas visando restaurar a liquidez da economia. Além disso, desde o início do ano, a taxa de juros básica (Selic) já foi reduzida em 4,5 pontos percentuais.

Crédito e Emprego

O mês de maio manteve a trajetória de recuperação do mercado de trabalho formal do Brasil. O saldo total ficou positivo com a criação de 131.557 postos de trabalho. Este é o quarto mês consecutivo em que a economia brasileira apresenta um saldo positivo no mercado formal, o que indica uma recuperação do emprego com carteira depois de um fim de 2008 e início de 2009 muito preocupantes. O bom desempenho ficou por conta do setor de Serviços, responsável pela criação de 212.558 empregos formais entre janeiro e maio de 2009.

Outro dado da Carta de Conjuntura foi o aumento, no último trimestre, da participação dos bancos nas concessões de crédito e na manutenção do patamar de participação das instituições privadas nacionais. Esse resultado é sinal de que as medidas adotadas pela autoridade monetária, com o intuito de destravar o crédito, começaram a surtir efeito, ainda que de maneira incipiente, pois dependem em grande parte do custo de oportunidade por parte do emprestador e das expectativas de retorno por parte do tomador.